23 de novembro de 2014

Apenas o fim

Hoje um amigo meu perguntou:
“Ique, tem 18.000 mulheres querendo sair com você.
Por que você está saindo só com uma?”.


Estou saindo com uma garota.
Todas as vezes em que ela entra no carro,
pula em cima de mim com um sorriso e diz:
ABRAÇO DE URSO!”.
Ela me chama de “Bolota” (o cachorro do comercial que morde as Havainas)
porque eu mordi o chinelo dela uma vez.
Estou saindo com uma garota.
Ela pesquisou a doença do meu pai na internet.
No outro dia, comprou várias coisas que ele precisava.
Desde o primeiro dia em que saímos até hoje,
ela me liga para dizer:
“Boa noite. Estou rezando pelo seu pai”.
Estou saindo com uma garota.
Ela vai deixar de fazer uma prova de concurso,
para a qual ela estudou dois anos,
para poder viajar comigo,
e levar meu pai para ver o mar pela última vez.
Estou saindo com uma garota.
Que nunca me enrolou.
Que não jogou.
E todos os finais de semana me procurou.
Perguntou se eu poderia viajar no Réveillon.
Eu disse que não, por causa do meu pai.
Então, ela deixou de viajar com as amigas,
para passar o Ano-Novo comigo,
com meu pai e meus amigos.
Estou saindo com uma garota.
Que manda mensagem às 22h30 de terça-feira para dizer:
“Estou com saudades”.
E dez minutos depois, estou na porta da casa dela, e respondo:
“Saudade a gente não responde, a gente mata.
Estou na porta da sua casa”.
Ela desce, entra no carro e pula em cima de mim sorrindo.
Estou saindo com uma garota.
Que ama Pearl Jam.
Ela canta, grita e dança dentro do carro.
Faz sexo com amor.
Sorri, me dá beijo e morde.
Estou saindo com uma garota.
Ela não se importa se meu cabelo está caindo ou não.
Se as amigas me acham feio ou não.
Que não liga se saio de boné à noite.
All-star, bermuda.
Eu sonho com ela enquanto durmo.
E penso nela quando acordo.
Estou saindo com uma garota.
Que não está presa no passado.
No medo, ou no ex-namorado.
Que não deixa de sair com as amigas.
Que não briga se eu sair com os amigos.
E com ela ficar junto não é uma obrigação,
mas um escolha.
Estou saindo com uma garota.
Que quando eu choro no cinema, me aperta e diz:
“Não chora. É tudo mentirinha”.
Aí eu respondo chorando:
“Mas é baseado em fatos reais!”.
E ela começa a rir.
Estou saindo com um garota.
Quando meu telefone toca,
eu espero que seja ela.
Quando ela me beija,
esqueço por dois minutos
que meu pai está morrendo.
Quando ela me abraça,
esqueço por dois minutos
o peso e a dor que estou vivendo.
Quando ela sorri,
volto a sentir
que a vida pode ser leve e pura.
Que esse sentimento,
não são 18 mil mulheres que me fazem sentir.
É uma.
É ela.

Capa do post:
Filme: Apenas o fim.

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