16 de dezembro de 2011

Histórias, nossas histórias ...

Era um desses garotos vividos Tinha sonhos, tinha história pra contar. Era só um ex-apaixonado… Que já sofreu muito por amor, e que jurou nunca mais repetir o mesmo erro. É, ele era um desses fáceis de se conquistar. Que se atraem pelo errado e que se deixam levar. Ele era só mais um que iria cair nas garras dela. Não que ela quisesse o seu mal, mas ele faria mal a si mesmo. Ele iria se deixar iludir pelo rosto angelical, pelas palavras sinceras e pelo coração indomável. Ele era um idiota.”
É nessas horas de reflexão que as pessoas mais importantes da sua vida costumam surgir. Nos momentos inesperados, que qualquer surpresa já te anima de leve. Qualquer sorriso indevido, qualquer pensamento sincronizado… Parecia que já sabia o que ia acontecer; e talvez lá no fundo realmente soubesse. Só pelas metades, claro. Não sabia que iria doer, e nem que iria se machucar, por mais óbvio que isso parecesse. Era sempre assim, não é? Se apaixonava e depois se fodia. Um ciclo vicioso; engraçado, até.Porque normalmente rir da própria dor traz um certo alívio, uma sensação de que tá tudo bem, quando na real não tá. Mas acho que é melhor pensar que as coisas estão certas… Pelo menos evita preocupação. E isso era uma das únicas coisas que João não queria, convenhamos. Preocupação estava longe da sua listinha de afazeres, bem longe. O problema é que ela apareceu. Ou melhor, o problema era ela. A maldita menina dos olhos castanhos. Não que isso fosse algo chamativo, já que a maioria das garotas por aí tem essa característica. Mas sei lá, nela ficava tão bonito… Nela parecia tão certo. Coitado do João, mal sabia que de certo ela não tinha nada. Ela torcia pro Vasco, ele pro Flamengo. Ela gostava de piscina, ele preferia praia. Ele curtia tomar sol, calor humano; ela gostava do frio. Talvez porque se fossem medir a temperatura do seu coração, daria abaixo de zero. Ela não era do tipo “alcançável”, e ele gostava de desafios. João, posso falar uma coisa? Você é um completo idiota.
Ele foi até ela, ela sorriu de canto. Se encantou, como sempre. Conversaram durante horas, parecia coisa de filme… Se davam tão bem, por mais que fossem opostos do jeito que eram. E aí ele que nunca acreditou em amor à primeira vista quase se deixou levar. Quase esqueceu de sua promessa, quase ficou preso nela. Isso porque ela era sonsa o suficiente a ponto de não perceber que João estava completamente fissurado em seu sorriso, viu. Isso porque não sabia o poder que tinha… É, Júlia, você é extremamente teimosa. Devia se trancar num quartinho qualquer e ficar lá durante o resto de sua vida, talvez assim não partisse tantos corações por aí. Pensando bem, eles até que combinavam um pouco. Eram dois idiotas. Ele por sempre cair na dela, e ela por sempre esquecer do efeito que causava nele. E por mais idiotas que fossem, nunca iriam dar certo. Não que o problema estivesse nele… Ele só iria se apaixonar, que tinha de errado nisso? Mas a culpa também não era dela. Júlia o avisou de como era insensível e fria, ele que não quis acreditar. João que quis se arriscar, ir um pouco além do limite. É, ele que foi o babaca da história. O fato é que também não tinha culpa. Não escolheu se apaixonar, e se fosse pra escolher, não seria por ela.Definitivamente não. Só porque ela tinha o sorriso de canto mais lindo do mundo e os olhos mais brilhantes do universo? Ou porque ela era incrivelmente compatível com ele? Ah, e João também não podia esquecer que se perdia quando conversava com ela, não é? É. Os dois eram o tipo de casal que não devia ter se conhecido; simplesmente porque quando isso aconteceu, deu em merda. Dessas bem feias, que causam estragos irreversíveis. Eles combinavam, mas eram diferentes demais. Fazer o quê se João não conseguia ir embora e se Júlia gostou do garoto? […] João, você é realmente muito idiota. E você também, Júlia. Dois idiotas.
As coisas foram se desenrolando, os dois curtiam a presença um do outro… Só de estar por perto já fazia bem. Estranho. Não precisavam de nada além disso; não precisavam de explicações e nem de “porquês”.“Deixa do jeito que tá”; mesmo que te faça mal um dia, né João? Acho que esse era teu problema. Nunca pensava nas conseqüências, nunca se fazia aquela pergunta “Será que vai ficar tudo bem?”… E talvez por isso nunca ficasse. Talvez por isso seus relacionamentos sempre dessem errado; ele sentindo demais e a guria sentindo de menos. Era sempre assim. Não esperava que fosse diferente com Júlia, mas ela não era igual às outras. Dela ele realmente não esperava nada. Simplesmente porque ela nunca fazia promessas, ela nunca se apaixonara. Preferiu não criar expectativas, então, por mais que lá no fundo surgisse uma esperança inquieta. Lá no fundo ele sabia que criava, sim… Mas queria pensar que não, assim como queria acreditar em tantas outras coisas. Pelo menos se algo desse certo, ele iria se surpreender. Pelo menos isso. Ai, João, sabia que você é extremamente inocente? […] Ah, e muito idiota também. Pois é.
E os dias foram se passando, e o sentimento foi aumentando. E os amores, a o apego, e o pulsar do coração. João desistiu de acreditar que não iria se apaixonar, afinal, já estava o fazendo… Já Júlia, viu-se numa situação meio esquisita. Era tudo novo, tudo desconhecido. O que devia fazer? Como agir? Se antes não se importava com isso, agora começara a se importar. E a se importar muito. Logo ela que tanto era confiante na presença dos outros, estava assim por ele. Por um moleque qualquer, que provavelmente seria só mais uma paixãozinha adolescente. 
Parecia que toda a sua estrutura de garota forte, orgulhosa e autossuficiente estava se desfazendo; e de acordo com a sua concepção, por pouco. Esse pouco que a prendia, que não a deixava ir embora. Esse pouco que tinha os olhos verdes, os cabelos morenos e chamava João. Um dia aí pegou-se desenhando corações no papel, com as iniciais dos nomes flutuando ao redor… Que vergonha, Júlia. Será mesmo que estava se apaixonando? Ah, sim, como se pudesse saber fácil, claro. Como se tivesse muita experiência no amor, como se soubesse exatamente o que fazer. Quer uma verdade? Ela estava perdida. Não sabia se era por medo ou se era por causa daquele encanto meio louco que tinha por ele. Mas que era estranho pensar em alguém durante 24 horas por dia, era; ah se era.Incrível como tudo lembrava ele, como qualquer pensamento sempre resultava naquele sorriso único. Até tentava fugir às vezes… Mas depois se perguntava: “Que mal tem?” e voltava a lembrar. Se deixava levar; que nem brisa, que nem maré. Júlia estava se apaixonando, e cara… Que diabos isso significava?
Era uma dessas gurias esquisitas. Se isolava porque não era comum, mas até que gostava um pouco. Os fios do cabelo longos e o sorriso largo; conseguia encantar qualquer um. Pena que nunca era recíproco…Tinha esse defeito incrustado lá dentro. Não era de se apaixonar, e quando o fizesse, esperava que fosse pela pessoa certa. O problema é que a vida tem uma tendência incrível a fazer tudo sempre dar errado, e ela não sabia disso. Não sabia que iria doer tanto, e não sabia também o que era sinônimo de estar apaixonada. Ai, como era idiota. Só de acreditar que o final feliz realmente existia…”
Bom, quer saber qual foi a parte mais irônica nisso tudo? Foi quando João sabia que ia se machucar, mas continuou insistindo. Ou quando Júlia tinha noção de que no final ia dar tudo errado, como sempre dava, e ainda assim quis entregar seu coração de presente a um moleque. O irônico foi quando os dois sabiam que algo com certeza não daria certo… Mas quando quiseram fazer com que pelo menos um “Valeu à pena” saísse de suas bocas. Acho que é isso que faz as histórias mais bonitas de amor realmente acontecerem. Se fosse certinho demais não teria a mínima graça; se fosse um conto de fadas as coisas seriam simplesmente monótonas. A real é que pra uma coisa valer à pena, tem de existir desafios. Dificuldades, brigas e desapegos… Só que tem de existir também o amor. O amor que vai unir e separar, que vai fazer com que o pensamento no fim do dia sempre leve a uma mesma coisa. E não é uma coisa qualquer, viu. É aquela coisa que é capaz de fazer o teu sorriso existir, simples assim. Pena que essa coisa foi acabando entre João e Júlia. Pena que o amor foi se desgastando, indo embora despercebido. Ainda bem que as lembranças ficaram. As lembranças, a saudade, as memórias… É. Dias depois João pediu Júlia em namoro. Namoro que durou longos 7 meses completamente lotados de discussões, ciúmes, carinho, imprudência e tantas outras coisas. Perdido no meio disso tudo estava a insegurança. Toda sorridente, cativando cada vez mais. E foi crescendo, aumentando sempre que podia; até o momento em que estar junto já não era mais o certo. Quando continuar por perto se tornou algo mais doído do que distante. E quando isso acontece, a mágica já não é mais a mesma… O encanto vai embora, a vontade um do outro também. Tudo se torna escasso, como nunca poderiam imaginar antes. É, João e Júlia eram dois idiotas. Não tinham nada para dar certo, mas fizeram valer à pena. Eram completamente opostos, até demais. Tanto que as diferenças tornaram gasto o amor… Aquele que nunca acabou, e que nunca vai acabar. Que talvez pareça meio ausente nas manhãs solitárias de sábado, mas que vai sempre estar presente. Aquele amor que traz saudade, nostalgia e um pouquinho de arrependimento. Porque doído mesmo era lembrar do sorriso de Júlia toda vez que deitava a cabeça no travesseiro. Machucava e rasgava o coração; mas em compensação trazia à tona as lembranças dos velhos tempos.

E João, que prometeu a si mesmo nunca mais se apaixonar, quebrou todas as suas promessas. Enfim… Fazer o quê se Júlia era a aventura que ele queria descobrir? E fazer o quê se João era o livro que ela tinha vontade de ler? Arriscar não foi tão ruim. Deixou as coisas pela metade, sim. Mas pelo menos fez nascer uma linda história de amor.”

1 comentários:

Que linda história guria, e é assim mesmo!!

Beijos e uma ótima semana!!

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