Amanda saiu correndo de casa, pensando apenas em encontrar Dawson. Quando chegou à oficina, chorava tão forte que não conseguia falar. O namorado a abraçou firme, deixando os fragmentos da história virem à tona quando finalmente os soluços de Amanda se aplacaram.
- Podemos morar juntos - disse ela, seu rosto ainda úmido.
- Onde? - perguntou ele. - Aqui na oficina?
- Não sei. Nós vamos dar um jeito.
Dawson ficou calado, olhando para o chão.
- Você precisa ir para a faculdade - disse ele enfim.
- Que se dane a faculdade! - protestou Amanda. - O que importa pra mim é você.
Ele deixou os braços caírem.
- E o que importa pra mim é você. E é por isso que não posso fazer com que você perca a faculdade.
Ela balançou a cabeça, perplexa.
- Você não está me fazendo perder nada. Meus pais, sim. Estão me tratando como se eu ainda fosse uma criança.
- É por minha causa. Nós dois sabemos disso. - Ele chutou o chão. - Quando você ama uma pessoa, precisa libertá- la, não é?
Pela primeira vez um brilho surgiu nos olhos de Amanda.
- E, se ela voltar, é porque o destino quis assim? É isso que você acha que está acontecendo? Que nossa vida virou um clichê? - Ela agarrou o braço de Dawson, fincando os dedos em sua pele. - Nós não somos um clichê - prosseguiu Amanda. - Vamos encontrar uma maneira. Posso arranjar um emprego de garçonete ou coisa parecida, daí podemos alugar um apartamento.
Ele conteve a voz calma, esforçando- se para que ela não falhasse.
- Como? Acha que meu pai vai parar o que está fazendo?
- Podemos nos mudar daqui.
- Para onde? Com o quê? Eu não tenho nada. Será que você não entende isso? - Ele deixou as palavras no ar e, quando ela não respondeu, prosseguiu: - Só estou tentando ser realista. É da sua vida que estamos falando. E eu... não posso fazer parte dela.
- O que quer dizer com isso?
- Quero dizer que seus pais tem razão.
- Você está falando sério.
Ele escutou algo muito parecido com medo na voz de Amanda. Por mais que quisesse abraça- la, recuou um passo.
- Volte para casa.
Ela andou em sua direção:
- Dawson...
- Não! - explodiu ele, afastando- se rapidamente. - Você não está ouvindo. Acabou, está bem? Nós tentamos, não deu certo. A vida continua.
Ela ficou pálida, o rosto quase sem vida:
- Então é assim?
Em vez de responder, ele se forçou a lhe dar as costa e andar em direção à oficina. Sabia que, se olhasse uma só vez para Amanda, mudaria de ideia. Não podia fazer isso com ela. Não faria. Enfiou- se debaixo do capô de seu carro e ali escondeu dela suas lágrimas.
Quando Amanda finalmente foi embora, Dawson deslizou até o chão de concreto empoeirado e ficou horas ali, Até Tuck sair de casa e se sentar ao seu lado. Durante um bom tempo, o homem ficou em silêncio.
- Você terminou com ela. - disse enfim.
- Não tive escolha. - Dawson mal conseguia falar.
- É - assentiu Tuck. - Também ouvi isso.
O sol estava alto no céu, banhando tudo com uma quietude que lembrava a morte.
- Eu fiz a coisa certa?
Tuck enfiou a mão no bolso e sacou um maço de cigarros, ganhando tempo antes de responder. Por fim puxou um cigarro:
- Não sei. Não vou negar que parece haver um certo encanto quando vocês estão juntos. e esse encanto torna mais difícil esquecer as coisas. - Tuck lhe deu um tapinha nas costas, e se levantou para ir embora. Foi o máximo que jamais dissera sobre Amanda.
Enquanto Tuck se afastava, o rapaz estreitou os olhos contra o sol e as lágrimas voltaram a escorrer. Sabia que Amanda sempre seria a melhor parte dele, o "eu" que Dawson passaria a vida inteira desejando conhecer.
Pág. 22, 23 e 24.
Nicholas Sparks, O Melhor de Mim.
O primeiro amor deixa marcas para a vida inteira
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